Há dias assim..

Gostava muito de ter um avô! Gostava mesmo.
E há dias em que isso é mais forte....como agora.
Adorava poder ter tido esse previlégio na minha vida. Essa relação que imagino entre duas gerações diferentes. Onde há tanta coisa que só saltando uma geração é que se consegue ter. Sim, é claro, é idealizada essa relação que tenho na cabeça...sim, nunca tive, mas também esse ideal tem como base um fundo de verdade do que ouço contar....
E imagino...imagino tão bem ter um avô.
Deve ser tão bom poder ter outra intimidade e outro carinho com alguém que nos vê de uma forma mais próxima e com sabedoria de velho, naquilo que tanto admiro e imensamente respeito nessa "sabedoria de velho"!
Tantas vezes imagino aquele abraço carinhoso, aquelas piadas de picanso e ternura, aquele dar o braço enquanto se anda pela rua...e as conversas que atravessam gerações, vivências, idades, histórias, muitas histórias.
Gostava de poder ser neta, agora.
E de poder ter conversas intermináveis, passeios companheiros, histórias trocadas, e fazer perguntas! Ía querer fazer tantas perguntas.
Ía querer ser uma espoja e absorver toda essa "sabedoria de velho" mágica que nos acalma, pelo respeito que reconhecemos nela, pela noção que só lá chegamos depois de ter passado por grande parte do percurso.
Quem me dera ser posta no sítio de vez em quando, com um bom conselho de avô. Sentir-me minúscula ao lado de quem sabe e confiar no que me dizem pelos anos de vivência. Perguntar, confiar, aprender e sossegar as questões que tenho.
Poder sentir-me ridicula pelas minhas questões pequenas da vida ao lado de alguém que admiramos e que nos diz lá do alto..."isso passa!"...com um sorriso tranquilo de quem se lembra que as perguntou também!
Imagio...
Viajar no tempo através das histórias e apertar a mão com carinho pelo prazer da troca presente...
Acho que ía adorar ser neta.



Vontades...vontades sentidas não pelas saudades, porque não as tive, mas pela imaginação...que vale o que vale....nada.




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